segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Vestibular e a escolha de uma carreira – II

Na última coluna enfatizei que a primeira preocupação do vestibulando deve ser em obter a formação mais adequada possível para esses tempos de grandes alterações de tecnologia e mudanças constantes nas atividades relacionadas a muitas profissões. Isso implica em avaliar não apenas o curso e a Universidade ou Faculdade, a serem escolhidos, mas também em verificar os conteúdos a serem ensinados. É importante dominar as linguagens do conhecimento, e adquirir conteúdos que permitam não só bem exercer a profissão escolhida, como mudar de profissão se necessário (ou desejado).

Antes de passar a algumas recomendações, ressalto que a dúvida sobre a escolha na carreira é mais que natural. Afinal, não é razoável imaginar que uma pessoa – não apenas os jovens vestibulandos – tenha firmeza em decidir por apenas um tipo de atividade, excluindo outras tantas. Não há nada errado em um jovem pretender fazer Vestibular em áreas distintas, com um curso de Exatas, outro de Humanas ou da área Biológica. Além disso, não conhecemos uma profissão detalhadamente antes de exercê-la. Entretanto, por praticidade e porque não conseguimos a aprender fazer de tudo, precisamos escolher.

Seguem algumas recomendações:

1) Elimine grandes áreas e atividades para as quais não tem vocação. Facilita para escolhas por exclusão, que podem ser eficazes.
2) A não ser que tenha uma vocação clara para uma profissão muito específica, escolha carreiras mais abrangentes.
3) Não se preocupe tanto com mercado de trabalho hoje e possibilidades de retorno financeiro. É preferível fazer o que se gosta a ingressar em uma carreira prioritariamente pelo provável retorno.
4) Converse com profissionais atuantes nos cursos pretendidos, e obtenha informações sobre as Universidades ou Faculdades que forneçam tais cursos.

Sobre carreiras abrangentes, refiro-me àquelas cuja base permite atuação profissional variada após a formatura. É o caso das Engenharias, das ciências como Física, Química, Matemática e Biologia, além de cursos como Administração, Economia, Ciências Sociais e Direito. Há cursos específicos, também, como a Medicina, que conseguem fornecer base suficientemente ampla de maneira a dar flexibilidade para alterações na carreira, ou de escolhas variadas na mesma profissão.

Mencionei que a preocupação com o retorno financeiro não deve ser prioridade. De fato, esse retorno pode variar muito ao longo do tempo, e a demanda por determinada profissão pode se alterar rapidamente. Por isso, não há segurança de que uma carreira com boas perspectivas de emprego hoje assim se mantenha daqui a 10 anos, quando o ingressante de agora estiver no mercado de trabalho.

Por outro lado, algumas carreiras são reconhecidamente de difícil retorno, como as relacionadas à Música e Arte em geral. Para estas profissões, o jovem deve analisar com frieza: avaliar seu talento e aptidão, e buscar informações detalhadas de como vivem profissionais da área. É comum que uma atividade seja um passatempo maravilhoso, mas não seja prazerosa como profissão. Essas ressalvas têm que ser pesadas em comparação com o desejo de fazer o que se gosta, uma das minhas recomendações mais importantes. Lembrando um provérbio chinês: “Rico não é quem tem muito, mas quem precisa de pouco”.

O leitor deve ter notado que me preocupei em fazer recomendações apenas para aqueles que almejam estar no topo de uma profissão de destaque. Obviamente que sempre existirão profissões igualmente atraentes, que não requeiram curso universitário de qualidade. Mas quem quer atingir a elite intelectual enfrenta menos barreiras externas do que se imagina. Não é preciso ser rico, não depende da cor da pele, condição social, sexo ou origem geográfica. Bastam dedicação e disciplina!

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